Uma de minhas professoras passou um trabalho bem interessante: escrever uma autobiografia!É complicado se resumir uma vida em poucas linhas,mas acho que consegui citar o que me parecia mais relevante...
"Nasci no dia vinte e sete de agosto de mil novecentos e oitenta e sete,numa tarde de quinta-feira,precisamente ás 5:45,na cidade de Fortaleza,estado do Ceará.Lembro de uma infância calma e feliz.Ao recorrer às lembranças vem a tona algumas inesquecíveis...
Minha primeira bicicleta,a primeira boneca,meu primeiro cachorro (também meu primeiro amigo)...Tantas recordações...Tardes passadas ao lado de minha avó,conversando sobre tantas coisas...Passei toda a minha fase escolar na mesma escola,um colégio de freiras.Apesar da disciplina imposta,guardo boas lembranças de lá,amizades,valores adquiridos.
Uma de minhas lembranças favoritas foi o dia em que conheci uma biblioteca.Quando vi todos aqueles livros reunidos ali, esperando ansiosos para me contarem sua história.Tinha quatro anos e meio na época.Meu pai contava que quando cheguei em casa pus todo mundo louco,pois queria a todo custo aprender a ler.Não suportava a idéia de ter que esperar alguém ter tempo para ler um livro para mim.Aos cinco anos aprendi a ler e não parei mais,aos sete comecei com os livros infanto-juvenis e aos nove li meu primeiro livro “adulto”,se chama “Olhai os lírios do campo”,do Érico Veríssimo.
Trocava qualquer disco da Xuxa ou outro infantil qualquer por um dos Demônios da Garoa,a música “Trem das onze” me fascina até hoje.Sempre fui cercada por animais,isso explica o grande amor que tenho por todos eles.Possuo uma profunda ligação com a natureza,quando pequena vivia deitada embaixo das árvores observando as nuvens passarem...
Tive uma infância e adolescência tranqüilas,cercada de muito amor e carinho.Tive o prazer de conviver com as duas pessoas mais maravilhosas que já conheci:meu pai e minha avó.Foram meus melhores amigos e sem dúvida as pessoas que mais amei em toda a minha vida,tudo o que sou devo aos dois.
Infelizmente deixaram-me muito cedo.Minha avó faleceu de um ataque cardíaco quando eu tinha quinze anos,dois anos mais tarde,aos dezessete,foi a vez do meu pai,ele faleceu por conta de uma doença rara denominada Anemia Hemolítica.A princípio foi bem complicado,é difícil acreditar que de repente o mundo girou tão depressa e você não conseguiu acompanhar.
Com essa perda,além da conformação,tive que reaprender a viver.Era complicado fazer minhas próprias escolhas e saber que meus modelos não estavam mais presentes para me prestar apoio.Tive então que lançar um novo olhar para minha mãe,antes do meu pai falecer não éramos muito ligadas,após a morte dele aprendemos,principalmente eu,a convivermos juntas e a mim coube compreende-la melhor,hoje a tenho como minha melhor amiga.
Bem ,hoje aos 23,estou avançando mais um degrau em busca de um sonho antigo,tornar-me juíza.Sempre tive um fascínio pela área do Direito,desde pequena.A escolha pelo magistrado deve-se ao fato que adoro ouvir duas partes e assim analisar para chegar a uma possível verdade,sempre gostei de ouvir,até mais do que falar.Amo observar tudo ao meu redor e tirar minhas impressões.
Tanta coisa para se falar do passado,
mas acredito que lembranças ficam melhor guardadas em nossas mentes...
Deixemos no papel espaço para lembranças futuras..."